Habitada desde a pré-história, a Península Ibérica, região que hoje é Portugal e Espanha, foi invadida por Roma que iniciou a conquista da região pela costa mediterrânica em 218 a.C. Os lusitanos foram os últimos povos habitantes da região a persistir na resistência armada ao império, se opondo de forma beligerante as legiões romanas que completam a conquista em 201 a.C. Em 318 d.C. o imperador Constantino converte-se à fé cristã e em 380 d.C. o cristianismo se torna a religião oficial do império Romano por ordem do imperador Teodósio I. Com a decadência do Império Romano, em 418 d.C. várias tribos bárbaras pertencentes aos povos germânicos Suevos e Visigodos dominaram a península que até então estava sob o domínio romano cristão. Contudo sem tempo suficiente de haver uma aculturação o cristianismo Católico Apostólico Romano continua a vigorar como fé popular. As tribos Suevas e Visigodas em constantes conflitos intertribais e sem um comando estratégico centralizado a partir de 711 sofrem invasões de tropas árabes oriundas do norte de África, através do estreito de Gibraltar de onde se inicia a conquista Islâmica da península. De sul para norte as conquistas foram rápidas e em 756 os mouros conquistaram a península, com exceção das Astúrias onde os cristãos se refugiam e se organizando militarmente iniciado a reconquista cristã do território em 722, ainda antes dos mouros terminarem de conquistar a parte noroeste do território que hoje é a França.
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De etimologia árabe a palavra azulejo significa pequena pedra polida, das quais os mouros utilizavam para fazer os mosaicos bizantinos. É neste lapso temporal de domínio sarraceno que surge a azulejaria na Península Ibérica trazida por artífices muçulmanos, contudo com características ainda bem distintas. A reconquista cristã da Península Ibérica durou cerca de 770 anos, apenas terminando com a conquista de Granada no ano de 1492. Particularmente no território de Portugal a reconquista cristã tem início em 1139, data esta que assinala a origem do Reino de Portugal, com base no Condado Portucalense, entre os rios Douro e Minho, onde Dom Afonso Henriques é aclamado rei após vencer a batalha de Ourique, feito este conhecido como “Milagre de Ourique” pela grande desvantagem numérica que os cristãos se encontravam. Reconhecido primeiramente pelo Rei de Leão em 1143 mediante o tratado de Zamora. Com apoio de cruzados do norte da Europa, Lisboa é reconquistada em 1147 e em 1179 a Santa Fé reconhece o Reino de Portugal através da bula Manisfestis Porbsatu assinada pelo papa Alexandre III que outorga a independência do reino. Finalmente são estabelecidas suas fronteiras terrestres atuais em 1297, sendo as mais antigas fronteiras da Europa.
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É em 1498 que o rei D. Manuel I (o Venturoso) viaja para Sevilha e se encanta com a beleza desta arte hispano-mourisca, a azulejaria, e de retorno a Portugal passa a promovê-la. Assim, com a graça régia, os parcos e pequenos ateliers de azulejaria se multiplicam e desenvolvem tornando a arte largamente expressiva e pertinente, ganhando uma identidade própria em poucos anos, tanto no que tange ao estilo pictórico, temática, técnicas de pintura bem como a mestria de execução das peças cerâmicas. Tal ocorrendo no período histórico da plenitude dos descobrimentos marítimos, vale relembrar que a chegada dos portugueses no Brasil foi oficialmente em 1500.
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Neste período histórico o estilo artístico predominante na Europa em particular nos países latinos era o gótico. Pictoricamente os azulejos ganham importância dentro deste estilo, que singularmente em Portugal, no auge do período das expansões marítimas, o estilo gótico teve uma iconográfica própria (1491 – 1521). Com motivos e elementos decorativos náuticos, que remetem as navegações como; cordas, ancoras, correntes, tecidos de velas, rosa dos ventos, conchas, algas, corais, Esfera Armilar, Cruz de Cristo, entre outros, e uma forte interpretação naturalista-simbólica, ficando conhecido como estilo Manuelino ou Gótico Português Tardio.

Com pretensões exclusivamente artísticas até o grande terremoto de Lisboa em 1755, produzidos individualmente, de forma artesanal estavam restritos a elite devido aos seus altos custos de produção.

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A produção em massa de azulejos de forma semi-industrial e já com caraterísticas de linha de montagem ocorre devido a necessidade premente de reconstrução da capital visando suas características mecânicas arquitetônicas de durabilidade e impermeabilidade da superfície.

No séc. XVI, os painéis de azulejaria surgiram na história do Brasil trazidos pelos portugueses.

Assim como na capital do império, os painéis de azulejos assumiram a função de demarcação de posicionamento social, amplamente utilizados como um valoroso suporte para a expressão artística em paredes de palácios, jardins, igrejas, conventos, mosteiros, edificações públicas, casas e quintas da nobreza e alta burguesia. Seus motivos pictóricos retratam acontecimentos históricos , episódios mitológicos ou cenas do cotidiano tanto da nobreza, como dos plebeus . Simultaneamente a igreja descobre nos painéis de azulejaria uma forma didática de comunicação, através dos quais, painéis retratavam cenas bíblicas, e de iconografia religiosa doutrinando assim a população maioritariamente analfabeta e sem acesso ao conhecimento não verbal dos conteúdos teológicos.
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Apenas após o retorno da família real para Lisboa, em 1821, é que a produção nacional dos azulejos passa a ter representatividade relevante no território nacional. Passando o Brasil a produzir azulejos, mais comumente representados os de revestimentos externos arquitetônicos. É no pós-segunda guerra que surgem variadas outras técnicas visando maior produtividade tanto na parte cerâmica como decorativa industrial ou manual das peças, mais uma vez a necessidade de reconstrução, desta feita de grande parte da Europa que a metodologia desta arte sofre relevantes mudanças técnicas.
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