Natural de Arganil – distrito de Coimbra / Portugal, com tenra idade se interessa pelas artes visuais e pelos ofícios tradicionais típicos da região de onde nasceu e cresceu. Fascinava observar os trabalhos e os saberes, em particular os variados tipos de artesanatos ancestrais ainda desenvolvidos com as mesmas técnicas antigas de manufatura como: olaria, cestaria, cantaria, calcetaria entre outros. Este interesse de certa forma contribuiu em sua opção de trilhar caminho das artes visuais artes e em específico as artes visuais.
Retrato – Marília Almeida
Assim a artista vai estudar no CEARTE (Centro de Formação de Artes e Patrimônio) em Coimbra, onde conclui em 1992, o curso de Artes Tradicionais com especialização em Azulejaria Tradicional Portuguesa. Confessa que seu interesse inicial foi o porcelanato, porém ao estudar e começar a adquirir conhecimentos mais profundamente sobre a azulejaria, sua história, seus requintes, técnicas etc. descobre então uma nova paixão, optando assim por dar continuidade nesta área em detrimento ao porcelanato, mesmo que por este guarde um carinho especial. Estes estudos da azulejaria tradicional portuguesa abriu-lhe as portas para trabalhar com alguns mestres desta arte secular, não apenas pelo conhecimento que adquiriu como também pelos contatos que teve oportunidade de fazer. Tendo trabalhado inclusivamente para mestres que lhe tinham ministrado aulas teóricas e práticas, mas desta feita em seus ateliês.
Em 1995 abre seu próprio atelier em Arganil onde desenvolve vários trabalhos, não apenas de azulejaria mas também outras artes, como; vitrais, pintura em tela, pastel seco, gravura e outros. Todavia o mais relevante sempre sendo a azulejaria tradicional, onde seus trabalhos podiam se dividir em; painéis de azulejos tradicionais estilo sécs. XV a XVIII, restauração de painéis antigos e históricos, azulejos tradicionais em mosaico mourisco séc. XV, hispano-árabe séc. XV, majólica sécs. XV a XVIII; e ainda arte contemporânea autoral com técnicas tradicionais de azulejaria.
Indagada se prefere fazer arte autoral contemporânea ou painéis estilo clássico, confidencia que não consegue estabelecer uma ordem de predileção pois cada um tem seus distintos encantos.
Tendo participado em várias exposições de arte em Portugal de forma individual e coletiva. Suas obras foram expostas em galerias de Coimbra, Porto, Lisboa, Cascais, Sintra, Faro, entre outras cidades. Seus painéis de azulejo estão expostos em variados locais, alguns públicos de fácil visualização e outros em interiores de construções tanto residenciais particulares, comerciais ou de atividade governamental, em Arganil, Coimbra e Porto, entre outras, e ainda outros locais que a própria não sabe pois foram vendidos e instalados sem seu acompanhamento, tanto para compradores sobretudo portugueses, espanhóis e franceses.
Obra da artista de 1996, com técnicas do séc. XVIII, a variedade cromática típica deste período da azulejaria. A obra intitulada “Menino Jesus da Ladeira” é uma obra que retrata a figura do menino Jesus com trajes de Napoleão, um misto de história, lenda e costumes da região de Arganil/Coimbra-Portugal , de onde a artista é natural – Obra exposta no parque Mata do Hospital em Arganil.
No ano de 2013, por motivos pessoais se muda para o Brasil, vindo a residir em São Paulo-SP, passando a residir em Tremembé-SP em 2020. É apenas aqui no Brasil, no convívio diário não disponível ao mero turista, que toma consciência da real dimensão que a cultura lusa teve no desenvolvimento cultural estrutural do país, descobrindo que é algo muito mais profundo do que se avalia superficialmente. Nomeadamente a azulejaria portuguesa não apenas se fez presente como também foi e é uma referência estética estilística efetiva e atuante de forma clara a olhos treinados, passando-se despercebida a quem não possui tal percepção.
